Portrait
“A loucura não ri de se mesma”. (Cinthia M. R. Oliveira & Cecília M. R. Oliveira)
Ernesto Sábato afirmava que um bom autor vence seus maus tradutores. É possível “morrer de paixão trágica” pelo Shakespeare mesmo sendo mal dirigido, representado por atores ruins ou com um péssimo cenário.
Enquanto os bons autores se defendem dos maus tradutores os maus autores procuram, pelo menos, um mau tradutor. Outros, que nem sequer são autores, procuram traduzir-se a se mesmos. E outros que não atentaram nem para auto-traduzir-se, andam pela vida atuando com algum “script” que o mundo lhes designou. A final de contas, é a vida de cada um, que as pessoas enxergam como “obra” ou como “rascunho”.
Há quem inventou propósitos para sua vida e morre com a ilusão de ter influenciado as circunstâncias e há quem viveu sem propósitos e morre pensando que fez tudo o que se propôs. Há pessoas normais que preenchem seus dias com infinitas tarefas, não tem paciência para lembrar dos sonhos e são conduzidas pela objetividade. Há pessoas esquizofrênicas que padecem de manias persecutórias sendo orientadas pela sua subjetividade.
Houve filósofos radicais como Alfred N. Whitehead que considerou toda filosofia européia, apenas, como um desdobramento das idéias de Platão e pensadores otimistas como S. Freud que morreu com a esperança de que a neuro-cirurgia revelasse o local exato em que se encontrava o inconsciente.
Houve espíritos como Nietzsche que refugiaram-se em se mesmos preservando suas aspirações, gostos particulares vivendo no culto secreto de algumas artes. E artistas como Marc Chagall que pintaram o amor na sua versão mais ininteligível.
Sendo assim, criei uma oração que me acompanha e tranqüiliza e que ofereço a vocês meus queridos amigos de viagem:
Beijos do Eladio
Imagem: Telonius Monk / Eladio Oduber 1995
Ernesto Sábato afirmava que um bom autor vence seus maus tradutores. É possível “morrer de paixão trágica” pelo Shakespeare mesmo sendo mal dirigido, representado por atores ruins ou com um péssimo cenário.
Enquanto os bons autores se defendem dos maus tradutores os maus autores procuram, pelo menos, um mau tradutor. Outros, que nem sequer são autores, procuram traduzir-se a se mesmos. E outros que não atentaram nem para auto-traduzir-se, andam pela vida atuando com algum “script” que o mundo lhes designou. A final de contas, é a vida de cada um, que as pessoas enxergam como “obra” ou como “rascunho”.
Há quem inventou propósitos para sua vida e morre com a ilusão de ter influenciado as circunstâncias e há quem viveu sem propósitos e morre pensando que fez tudo o que se propôs. Há pessoas normais que preenchem seus dias com infinitas tarefas, não tem paciência para lembrar dos sonhos e são conduzidas pela objetividade. Há pessoas esquizofrênicas que padecem de manias persecutórias sendo orientadas pela sua subjetividade.
Houve filósofos radicais como Alfred N. Whitehead que considerou toda filosofia européia, apenas, como um desdobramento das idéias de Platão e pensadores otimistas como S. Freud que morreu com a esperança de que a neuro-cirurgia revelasse o local exato em que se encontrava o inconsciente.
Houve espíritos como Nietzsche que refugiaram-se em se mesmos preservando suas aspirações, gostos particulares vivendo no culto secreto de algumas artes. E artistas como Marc Chagall que pintaram o amor na sua versão mais ininteligível.
Sendo assim, criei uma oração que me acompanha e tranqüiliza e que ofereço a vocês meus queridos amigos de viagem:
Minha ira não tem mais nobreza,
Quero aceitar as ofensas de bom grau e viver dentro de uma legião absoluta de maus entendidos;
Deixar o ímpeto das jovens paixões, para obter o botim das guerras: as belas escravas;
Dos objetos preciosos tenho pena, a cólera que me movimenta vai se transformando em frio desapego;
Espectador de me mesmo exumo as gargalhadas e morro de saudades dos velhos amigos;
Meus propósitos são desculpas. Se, nos momentos finais da vida, cair na tentação de pensar que fiz o que me propôs, darei licença para que coloquem na lápida do meu túmulo:
“A vida deste homem não valeu nada”.
Quero aceitar as ofensas de bom grau e viver dentro de uma legião absoluta de maus entendidos;
Deixar o ímpeto das jovens paixões, para obter o botim das guerras: as belas escravas;
Dos objetos preciosos tenho pena, a cólera que me movimenta vai se transformando em frio desapego;
Espectador de me mesmo exumo as gargalhadas e morro de saudades dos velhos amigos;
Meus propósitos são desculpas. Se, nos momentos finais da vida, cair na tentação de pensar que fiz o que me propôs, darei licença para que coloquem na lápida do meu túmulo:
“A vida deste homem não valeu nada”.
Imagem: Telonius Monk / Eladio Oduber 1995