Sobre pesquisa e outras infâmias

Diário de campo de dois espectadores e um pródigo bucaneiro.

sábado, junho 23, 2007

A guerra

Picco della Miradola em sua “oração da dignidade do homem” nos encoraja a “desvelar nossa face, conquistar um lugar e possuir nossos dons”. Este seria um caminho para a auto-definição. Assim como também a “contemplação de tudo o que contem o mundo para descobrir nossa própria forma à maneira de um pintor”.
Digamos que este filósofo renascentista nos mostrou um segredo para conservar o fogo sagrado e impedir a extinção dos movimentos perpétuos da alma.
Acontece que já é tarde. Ao passar dos anos, assisti muitas vezes ao meu próprio funeral e ao longo dos caminhos sepultei um exército de "eladios" não alcançados. A estilo dos antigos, em cada epitáfio coloquei um poema dirigido aos caminhantes.
Num dos túmulos, meu epitáfio predileto que roubei de Francisco de Quevedo:



“Cerrar podrá mis ojos la postrera sombra que me llevare el blanco dia
Y podrá desatar esta alma mia hora a su afan ansioso lisonjera
Mas no de esotra parte en la ribera dejará en la memoria en donde ardia
Nadar sabe mi llama el agua fria y perder el respeto a ley severa
Alma a quien todo un Dios prisión há sido Venas que humor a tanto fuego han dado
Su cuerpo dejará, no su cuidado. Serán ceniza, mas tendrá sentido
Polvo serán, mas polvo enamorado”

Dedico este pequeno texto a Leo o novo filho do meus mais novos amigos Fernado e Arlinda. Bienvenido Leo, suerte y fuerza en los caminos que te esperan...

Eladio Oduber

Imágen: Perro / Eladio Oduber. Junho 2007

Conferir:
QUEVEDO, Francisco de . Poesia vária. Cátedra Letras Hispánicas.
YOURCENAR, Marguerite. A obra em negro.