Sobre pesquisa e outras infâmias

Diário de campo de dois espectadores e um pródigo bucaneiro.

sexta-feira, novembro 02, 2007

O encontro

As convicções são nossas vitórias internas. Algo “não derrotado” que levamos por dentro. Esta é uma hipótese etimológica.

Porém, nossas convicções precisam de sinais externos que as confirmem. Assim, lembro-me de Bronisław Malinowski e da resposta do indígena trobriandés à sua pergunta.

B.M. – o que você está fazendo há tanto tempo sentado olhando para o mar...?

Indígena -... estou vendo como é verdade mesmo que as ondas são fruto da vibração dos grandes pratos que estão no fundo...

Uma explicação esteticamente superior à nossa, eu acho.

Convicções são escolhas estéticas, mesmo as convicções políticas, religiosas ou ideológicas.

Algumas convicções parecem anteriores à experiência, sobretudo as dos indivíduos que não interpretam suas convicções como escolhas arbitrárias e sim como estado natural das coisas. Algumas convicções estão atreladas à literalidade da vida.

Tem pessoas que gostam de uma árvore porque a consideram bela em se mesma. Tem quem gosta da mesma árvore por que lhe serve para o mastro do seu barco.

Conheço pessoas que amam coisas que não servem para nada – Manoel de Barros, por exemplo. Conheço outras que develam bustos na sua própria homenagem - assisti a esta cena com meus proprios olhos que darei de bandeja aos vermes .

Umas pessoas preferem o belo ao útil, e outras torturam os “sinais” da vida para arrancar confissões que desejam muito ouvir.

Trocar contas de vidro por cestos de ouro, dar tudo por nada. É o sinal de alguns encontros.

Não sei que nome dar aos sentimentos que provocam dentro de mim tais circunstâncias.

Abraços do Eladio

Imagem: Cibrux. Eladio Oduber 1995

Conferir: Tzvetan Todorov. La conquista de América: El problema del outro.