Sobre pesquisa e outras infâmias

Diário de campo de dois espectadores e um pródigo bucaneiro.

terça-feira, janeiro 12, 2010

Intenções

(...) pai você não acha que eu estou sonhando?... Este mundo onde a gente fica parece tão falso. Esta sua kit parece uma casinha de anão... O relógio para mim é o mais estranho de todos... Ana Cecília   (sete anos, na minha “kitinete”. 9 de janeiro de 2010)


 Prometo neste ano de 2010...

Começar o estudo da difícil arte das reticências;

Construir caminhos e não edifícios, transitar mais do que habitar;

Na procura da clareza, alternar períodos de poluição intelectual com momentos de perturbação mental;

Usar com maior parcimônia meus poderes adivinatórios. Isto é, parar de escutar os pensamentos dos meus amigos e pessoas queridas;

Praticar e desenvolver o único gênero filosófico-literário que merece a pena, “a confisão” (Ortega e Gasset)

Ler “La rebelión de las masas” ou “Meditaciones sobre la técnica” do mesmo autor;

Continuar a costurar a inconsistente colcha de retalhos de todos estes anos. Ela protege do frio a incongruência da minha alma;

Separar aqueles que são meus verdadeiros amigos de aqueles que são meros acidentes da paisagem. Depois, raptar, seduzir e fazer o amor com os acidentes da paisagem;

Produzir ruínas, muitas ruínas. Assistir o espetáculo da decadência do corpo, das idéias, dos sonhos, das ilusões;

Sentir o peso e a gravidade da morte, a porosidade e a leveza da morte;

Tomar café com criaturas sublunares;

Tomar vinho com criaturas supra lunares;

Navegar em rios de uma margem só;

Ficar calado nas esquinas de Brasília. “tout pour l’oeil, rien pour lês oreilles” (Baudelaire)

Parar de roubar frases e idéias de Octávio Paz;

A todos desejo Paz

Eladio Oduber