Schopenhauer e os bonsais
Ai, as raízes podadas do bonsai. São como os pezinhos atrofiados das mulheres orientais de antigamente: garantia de sua contenção. Acho que é isso, os bonsais são como as mulheres de Schopenhauer: miniaturas forjadas de ser humano. Elas não têm vontade, apenas desejam, têm caprichos; são voluntariosas. São como crianças porque o seu querer não interfere no mundo. É só o bater malcriado de um pezinho calçado em sapatinho de verniz. Sua vontade tem as asas aparadas dos pássaros criados fora da gaiola, pretensamente livres para voar.
Conheço mulheres assim. Elas também me fazem sofrer. Mantidas numa sala de espelhos, elas acreditam ser apenas a imagem de si que vêem refletida. Não entendem que os espelhos as limitam às dimensões – e profundidade – de um vaso cerâmico de bonsai.
Para Brigitte Bardot, que não se deixou conter pelos contornos de sua imagem.
Para Aristóteles, “Todas as coisas são em potência e ato. Uma coisa em potência é uma coisa que tende a ser outra, como uma semente (uma árvore em potência). Uma coisa em ato é algo que já está realizado, como uma árvore (uma semente em ato)”.
O exemplo arbóreo está na Wikipedia http://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles
Ver Metafísica do Amor Sexual de Schopenhauer e A arte de lidar com as mulheres, coletânea das opiniões do filósofo sobre as mulheres, feita por Franco Volpi.
Cinthia Oliveira