Sobre pesquisa e outras infâmias

Diário de campo de dois espectadores e um pródigo bucaneiro.

sábado, abril 12, 2008

Sabedoria Palafrenera

Quatro negros cavalos puxam a carruagem da alma: o raciocínio, as convicções, os hábitos e as paixões.

Por razões que não consigo imaginar somos regularmente conduzidos com mais força e sentido por algum deles. Às vezes, dependendo da idade ou da época da nossa vida, permitimos, durante algum tempo, que um ou outro tome a frente.

É possível que as ancas de aquele animal treinado fiquem tão fortes que nunca mais possamos deté-lo. E com isso percorramos trilhas de glórias e misérias que nos fazem adquirir o que se chama de “estilo pessoal”.

Triunfos e realizações tangíveis sempre foram as terras a onde se dirige sozinho o cavalo do raciocínio e nesse percurso também encontra a morte pela faca da frieza egoísta da alma...

Quem dá rédeas ao cavalo das convicções prova do orgulho e nobreza dos heroísmos e pode, quem sabe, sucumbir à morte da solidão ou à pobreza material das escolhas extremas...

Quando o cavalo do hábito é quem governa, a alma é levada a terras pacíficas e conhecidas. E, muitas vezes, é inevitável o encontro com o tédio e fastio mortais ao longo do caminho tradicional e rotineiro...

Por último, o cavalo das paixões nos arrasta até a fruição dionisíaca de uma vida exuberante e criativa e, da mesma forma, pode suicidar-se prematuramente no poço dos afetos...

Querido leitor peço ajuda!

E se, ao mesmo tempo, dermos rédeas a dois ou três cavalos?

A quais dois?

A quais três?

A que terras iremos parar?

E se azoitamos os quatro para todas as direções?

E se nenhum puxa?

Acho melhor perder toda esperança. Jamais os quatro negros cavalos correrão na mesma direção...

Sabedoria “condottiere” nos ampare...

Sabedoria palafrenera nos acompanhe...

Abraços do Eladio

Imagem: Cabeça de Rei / Eladio Oduber / Acrílico, guache e crayon sobre papel / Abril de 2008. (inspirado numa escultura de cavalo grego)

10 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Querido Eladio,
como são belos os seus textos, nunca deixo de passar por aqui, pois sempre encontro uma profunda reflexão neles e sempre concordo com sua ideias.
Respondendo ao seu apelo, no primeiro momento diria que largue as amarras, não siga nenuma direção, deixe que a intuição, a criatividade como auto realização, a liberdade seja intensa nas escolhas. Tudo me parece como o tempo que vai e o vento que volta.
O importante é o movimento, as transformações originadas das experiencias, viver intensamente, seja lá de que maneira mas VIVER.
Gostaria de ficar horas filosofando sobre esses belo assunto que você proporcionou. Adorei. Beijos. LM

11:48 AM  
Anonymous Anônimo said...

Professor Eladio,
acho seus textos maravilhosos e, muitas vezes, terríveis. Especialmente quando você pede conselhos e alguém fala como o comentário anterior.
Se sua alma está sendo levada por quatro cavalos fogosos, faça tudo, menos soltar as rédeas. Os quatro cavalos sobreviverão com certeza, mas a sua alma, ou quem quer que esteja sendo puxado eles...
Beijos

9:44 AM  
Anonymous Anônimo said...

Ah! E nunca pense que cavalos são como a brisa suave.
Mais beijos. DP

9:50 AM  
Anonymous Anônimo said...

Querido Eladio,

MORRE LENTAMENTE...
QUEM NÃO VIRA A MESA QUANDO ESTÁ INFELIZ COM
O SEU TRABALHO, OU AMOR,
QUEM NÃO ARRISCA O CERTO PELO INCERTO PARA IR
ATRÁS DE UM SONHO,
QUEM NÃO SE PERMITE, PELO MENOS UMA VEZ NA VIDA,
FUGIR DOS CONSELHOS SENSATOS...

Mais mil beijos, LM

2:01 PM  
Anonymous Anônimo said...

É desperdício confundir tolice com ousadia...
Virar a mesa é tão banal...
Como é difícil substituir a criatividade!
Sua, D+

7:03 PM  
Anonymous Anônimo said...

Querido Eladio,
Sua D+? Então, ha visões de mundo diferentes querida DP, tudo dependerá como construimos nosso ideal de eu. Questões como as colocadas no texto não tem formula, não tem certos e errados e poe ai vai...
Beijos, LM-

7:39 PM  
Anonymous Anônimo said...

Para Sua D+,
o texto excolhido por mim é de Pablo Neruda, como ser banal?,
Leia+ DP. LM

7:49 PM  
Anonymous Anônimo said...

"MORRE LENTAMENTE...
QUEM NÃO LÊ,
QUEM NÃO VIAJA,
QUEM NÃO OUVE MÚSICA,
QUEM NÃO ENCONTRA GRAÇA EM SI MESMO.

MORRE LENTAMENTE...
QUEM DESTRÓI SEU AMOR PRÓPRIO,
QUEM NÃO SE DEIXA AJUDAR.

MORRE LENTAMENTE...
QUEM SE TRANSFORMA EM ESCRAVO DO HÁBITO
REPETINDO TODOS OS DIAS OS MESMOS TRAJETOS,
QUEM NÃO MUDA DE MARCA,
NÃO SE ARRISCA A VESTIR UMA NOVA COR
OU NÃO CONVERSA COM QUEM NÃO CONHECE.

MORRE LENTAMENTE...
QUEM EVITA UMA PAIXÃO E SEU REDEMOINHO DE EMOÇÕES,
JUSTAMENTE AS QUE RESGATAM O BRILHO DOS OLHOS
E OS CORAÇÕES AOS TROPEÇOS.

MORRE LENTAMENTE...
QUEM NÃO VIRA A MESA QUANDO ESTÁ INFELIZ COM
O SEU TRABALHO, OU AMOR,
QUEM NÃO ARRISCA O CERTO PELO INCERTO PARA IR
ATRÁS DE UM SONHO,
QUEM NÃO SE PERMITE, PELO MENOS UMA VEZ NA VIDA,
FUGIR DOS CONSELHOS SENSATOS..."

7:55 PM  
Anonymous Anônimo said...

Banal é querer ser d+...

12:03 PM  
Blogger Luiz Fernando said...

Caro Eladio,

Ainda não tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente, muito embora já tenha ouvido (literalmente todos os dias...hehe...) coisas a seu respeito, principalmente sobre seus talentos (magisteriais e musicais). Mas vamos ao texto.

Um texto extremamente reflexivo, "ex vi" dos comentários postados.

Há longo tempo estou pendendo para o cavalo relativo ao "raciocínio". Espero mudar de fase em breve, para, quem sabe, experimentar os furacões da convicção.

Convicções essas que, posteriormente, podem encontrar a barreira da paixão.

Mas de uma coisa tenho certeza. Não vou soltar as rédeas não (rsrsrs). Isso seria fatal.

Abs.

Luiz Fernando

9:41 PM  

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