Intenções
Prometo neste ano de 2010...
Começar o estudo da difícil arte das reticências;
Construir caminhos e não edifícios, transitar mais do que habitar;
Na procura da clareza, alternar períodos de poluição intelectual com momentos de perturbação mental;
Usar com maior parcimônia meus poderes adivinatórios. Isto é, parar de escutar os pensamentos dos meus amigos e pessoas queridas;
Praticar e desenvolver o único gênero filosófico-literário que merece a pena, “a confisão” (Ortega e Gasset)
Ler “La rebelión de las masas” ou “Meditaciones sobre la técnica” do mesmo autor;
Continuar a costurar a inconsistente colcha de retalhos de todos estes anos. Ela protege do frio a incongruência da minha alma;
Separar aqueles que são meus verdadeiros amigos de aqueles que são meros acidentes da paisagem. Depois, raptar, seduzir e fazer o amor com os acidentes da paisagem;
Produzir ruínas, muitas ruínas. Assistir o espetáculo da decadência do corpo, das idéias, dos sonhos, das ilusões;
Sentir o peso e a gravidade da morte, a porosidade e a leveza da morte;
Tomar café com criaturas sublunares;
Tomar vinho com criaturas supra lunares;
Navegar em rios de uma margem só;
Ficar calado nas esquinas de Brasília. “tout pour l’oeil, rien pour lês oreilles” (Baudelaire)
Parar de roubar frases e idéias de Octávio Paz;
A todos desejo Paz
Eladio Oduber