O encontro
Porém, nossas convicções precisam de sinais externos que as confirmem. Assim, lembro-me de Bronisław Malinowski e da resposta do indígena trobriandés à sua pergunta.
B.M. – o que você está fazendo há tanto tempo sentado olhando para o mar...?
Indígena -... estou vendo como é verdade mesmo que as ondas são fruto da vibração dos grandes pratos que estão no fundo...
Uma explicação esteticamente superior à nossa, eu acho.
Convicções são escolhas estéticas, mesmo as convicções políticas, religiosas ou ideológicas.
Algumas convicções parecem anteriores à experiência, sobretudo as dos indivíduos que não interpretam suas convicções como escolhas arbitrárias e sim como estado natural das coisas. Algumas convicções estão atreladas à literalidade da vida.
Tem pessoas que gostam de uma árvore porque a consideram bela em se mesma. Tem quem gosta da mesma árvore por que lhe serve para o mastro do seu barco.
Conheço pessoas que amam coisas que não servem para nada – Manoel de Barros, por exemplo. Conheço outras que develam bustos na sua própria homenagem - assisti a esta cena com meus proprios olhos que darei de bandeja aos vermes .
Umas pessoas preferem o belo ao útil, e outras torturam os “sinais” da vida para arrancar confissões que desejam muito ouvir.
Trocar contas de vidro por cestos de ouro, dar tudo por nada. É o sinal de alguns encontros.
Não sei que nome dar aos sentimentos que provocam dentro de mim tais circunstâncias.
Abraços do Eladio
Imagem: Cibrux. Eladio Oduber 1995
Conferir: Tzvetan Todorov. La conquista de América: El problema del outro.