Sobre pesquisa e outras infâmias

Diário de campo de dois espectadores e um pródigo bucaneiro.

quarta-feira, maio 23, 2007

O sangue, a cólera, a flema e a melancolia.

Nós homens temos o dever moral de ser feministas. Mesmo sob o medo de afastar-nos do litoral dos nossos pré-conceitos.

Feministas de luto e com raiva: da arrogância das religiões que controlaram a sexualidade da mulher exigindo-lhes pureza, castidade e fidelidade.


Dos santos que decretaram às mulheres poluídas desde o próprio ato da concepção;


Dos inquisidores que, jorravam mel e penas nas bruxas para exibi-las despidas em praça pública;


Das cruzes feitas a fogo nos corpos das mulheres que amavam fora do casamento;


Do sangue dos filhotes de pombos vertidos nos lençóis para provar virgindade.


Feministas para gritar, como Apolo, o nome de todas as mulheres da história do mundo e sentir ciúmes do próprio grito.


Paro aqui antes que a carruagem de demagogia me rapte para oferecer-me um local confortável onde adormeçam o corvo e o pombo que agonizam no meu peito.


Abraços do Eladio

Imagem: Mulher / Eladio Oduber, abril 2007