Sobre pesquisa e outras infâmias

Diário de campo de dois espectadores e um pródigo bucaneiro.

sábado, janeiro 21, 2006

Bases filosóficas para pesquisar e entender a mentalidade do homem - salsicha.

“No mar somos todos iguais”
Conrad apud Gabo

Os fins de outros, anteriores a nós, orientam nossos fins. Neste instante, me lembro do meu professor, o antropólogo, José Jorge Carvalho que falava sobre a tristeza genuína do povo brasileiro pela morte de Aírton Sena e da racionalidade dos seus patrocinadores, dentre eles, a marca Arisco que tirava a última “lasquinha” das imagens do ídolo veiculadas pela TV.
Isto é, a emotividade que não enxerga o cálculo matemático. Enquanto uns choram, outros ganham dinheiro.

Como a antropologia e a sociologia chegam a estas conclusões?... estranhando, afastando-se, olhando de longe os processos. A frase “olhar de longe” está resumida na língua latina a uma palavra: respicere. Esta dá origem a outra: “respeito”. Ambas tem a mesma raiz spectare de onde vêm espectador. Por tanto, entender uma realidade significa “olha-la de longe”, respeita-la, fazer o papel de espectador. Talvez este seja a origem de um dos polémicos fundamentos da epistemologia weberiana; entender não combina com intervir.

A questão se complica quando tentamos aplicar este raciocínio a nós mesmos. Quando alguém diz: ”há que respeitar-se a se mesmo”, em outras palavras está dizendo temos que nos olhar-mos de longe. Como é que nós conseguiremos lançar uma luz sobre nós mesmos? Quem sabe a razão nos ajude..
.

A filósofa Marilena Chauí diz que a razão é uma habilidade que nos permite organizar a realidade. Porém, se a realidade é uma construção da própria razão – mesmo que seja da razão coletiva – então é um jogo de cartas marcadas. A razão tenta entender algo que ela mesma criou...a razão se vende e se dá o troco.

Conclusão: Sou um homem - salsicha que foi produzido por uma máquina que outras salsichas inventaram. Tenho sonhos de salsicha e planos de salsicha para o futuro...melhor parar por aqui antes de que João Pestana coloque areia nos meus olhos.


Por favor confiram o filme KOYAANISQATSI de Coppola – Reggio

PS: Dias depois... meu amigo Antonio Carlos envio-me esta bela indagação...

Prezado Eládio,

Essa história de construção racional da realidade nos remete
àquela antiga dúvida de nossas reflexões peripatéticas:
existe um dever ser também no ser?
De leve...

Antonio Carlos Bigonha.


Imagem: Voyeurism - do filme Koyaanisqatsi.

3 Comments:

Blogger Hades said...

koyaanisqaatsi:voz da lingua hopi que num intento quer dizer "vida que quer mutar". Qué caras apocalipticos e fundamentalmente moderrrnos esses hopis nao acha querido Ela. Imagina que o chaman da sua tribo bote tudas essas profecías fantasmagóricas sobre a tua cabeça de menino: telaranhas luminosas e nuvens de poeira preta sob a calma das aguas. Meu deus!

Federico

4:57 PM  
Anonymous Anônimo said...

Scubiduuuu... cadê você !
Eládio, imagina só no mundo das salsichas( Alemanha). Aqui vc. seria uma salsicha ímpar !
Solitária...Talvez vc. até tivesse tempo pra divagar sobre as outras salsichas do mundo !
Uma Abracao...,
Manu.

11:10 PM  
Anonymous Anônimo said...

[respeito = espectador = voyer]? quão longe? quão perto? antropólogos sociólogos filósofos à espreita. telas + monitores nos unem. interveções = controles remotos + teclados. mente? dedo indicador + botões eletrônicos! mentalidade? dedalidade! homem salsicha = crianças salXuxas. tens razão? tens realidade? do oiapoque à chauí? o caos nunca morre! não tem fim! a ordem, sim.

2:06 AM  

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