O pensador das três pernas: uma reflexão sobre a utilidade de fazer pão e a dificuldade de reserva de mercado no coração humano.
Quando as “mulheres” da minha família brasileira diziam que minha filha de alguns messes de idade pensava ou desejava isto ou aquilo, eu, silenciosamente, as acusava de excesso de subjetividade. Os anos confirmaram e não confirmaram esta hipótese. Na nossa cultura são, principalmente, as mulheres as encarregadas de construir e desabrochar o mundo subjetivo das crianças a partir do exercício constante da comunicação. Se nos apegamos a uma visão durkheimiana, esta comunicação, pode ser pensada como a exteriorização ou materialização de desejos internos.
Ao que parece, os homens e mulheres de culturas exóticas ou de séculos esquecidos, exteriorizavam estes desejos de formas diferentes... talvez os próprios desejos fossem outros.
Existe no lugar comum da história do surgimento da filosofia o chamado triunfo do logos sobre o mythos. Dificilmente entenderemos que tipo de subjetividade ou religiosidade cultivavam Sócrates ou os physicoi da antiga Grécia. Acredito que, nestes aspectos, exista uma semelhança entre Sócrates e quaisquer intelectual genuinamente brasileiro (a) que tem um pé na academia outro na magia e um terceiro pé na orgia.
A interpretação que os historiadores da filosofia fizeram deste triunfo do logos sobre o mythos nos deixa um sentimento atávico de incomplitude. Os mitos passaram a ser vistos como enganos em quanto que o raciocínio lógico ou ético passava a ser a face verdadeira do mundo.
Muito depois a antropologia e a psicologia se encarregaram de "remitologizar", pelo menos, certas esferas acadêmicas utilizando o seguinte raciocínio: É dificil saber a origem dos mitos, difícil porém é saber a origem da necessidade deles.
Na vida prática, os encanadores resolvem os problemas das tubulações, os mecânicos consertam os motores, os técnicos reparam as caixas pretas da modernidade; dvds, computadores e TVs etc. E os problemas da alma os deixamos para os pastores, padres, profetas, conselheiros, psicólogos e mais raramente aos filósofos.
Os assuntos objetivos da nossa cultura tem suas profissões mais o menos bem identificadas. Nos assuntos subjetivos os peritos das almas se entredevoram de forma cega e desleal. É difícil a reserva de mercado no coração humano.
Em 15 anos de Brasília assisti psicólogos virando gestores de políticas públicas e videntes construírem casas luxuosas na avenida W3. A forma como o mercado lida com a expressão externa dos nossos desejos é versátil e irritante. É muito complexo o caminho que se tem de percorrer para obrigar os pensamentos a abdicarem da sua independência (paráfrase do Briton, etólogo)
Nossas falas, escritas e gestos são subjetividades domesticadas assim como rios canalizados para mover as engrenagens das azenhas. Colocamos nossos pensamentos nos moldes dos símbolos ou dos mitos. Perdão, não nos enganemos. Ao identificar os pensamentos já colocamos rédeas neles. Subjetividade é aquilo que nem sequer pensamos.
Êta!! farra dos fatos sociais com o inconsciente coletivo. Maiakovsky quis sair dela pela única fresta conhecida... “quando vejo uma criança morrer, me dá vontade de devolver o bilhete de entrada para o universo” (até isso virou lugar comum). Meus amigos... prefiro fazer pão.
beijos do Eladio e Cinthia.
Conferir: Qualquer livro de introdução à filosofia e qualquer livro de psicologia culturalista.
PS: Queiro denunciar publicamente a presença neste blog do Leoh "o bucaneiro", que, assim como a morte, faz muitos dias cheira meus calcanhâs ... últimamente só escrevo para livrar-me dele, é um inferno. Confiram seus comentários, tirem as suas conclusões. Eladio
Ao que parece, os homens e mulheres de culturas exóticas ou de séculos esquecidos, exteriorizavam estes desejos de formas diferentes... talvez os próprios desejos fossem outros.
Existe no lugar comum da história do surgimento da filosofia o chamado triunfo do logos sobre o mythos. Dificilmente entenderemos que tipo de subjetividade ou religiosidade cultivavam Sócrates ou os physicoi da antiga Grécia. Acredito que, nestes aspectos, exista uma semelhança entre Sócrates e quaisquer intelectual genuinamente brasileiro (a) que tem um pé na academia outro na magia e um terceiro pé na orgia.
A interpretação que os historiadores da filosofia fizeram deste triunfo do logos sobre o mythos nos deixa um sentimento atávico de incomplitude. Os mitos passaram a ser vistos como enganos em quanto que o raciocínio lógico ou ético passava a ser a face verdadeira do mundo.
Muito depois a antropologia e a psicologia se encarregaram de "remitologizar", pelo menos, certas esferas acadêmicas utilizando o seguinte raciocínio: É dificil saber a origem dos mitos, difícil porém é saber a origem da necessidade deles.
Na vida prática, os encanadores resolvem os problemas das tubulações, os mecânicos consertam os motores, os técnicos reparam as caixas pretas da modernidade; dvds, computadores e TVs etc. E os problemas da alma os deixamos para os pastores, padres, profetas, conselheiros, psicólogos e mais raramente aos filósofos.
Os assuntos objetivos da nossa cultura tem suas profissões mais o menos bem identificadas. Nos assuntos subjetivos os peritos das almas se entredevoram de forma cega e desleal. É difícil a reserva de mercado no coração humano.
Em 15 anos de Brasília assisti psicólogos virando gestores de políticas públicas e videntes construírem casas luxuosas na avenida W3. A forma como o mercado lida com a expressão externa dos nossos desejos é versátil e irritante. É muito complexo o caminho que se tem de percorrer para obrigar os pensamentos a abdicarem da sua independência (paráfrase do Briton, etólogo)
Nossas falas, escritas e gestos são subjetividades domesticadas assim como rios canalizados para mover as engrenagens das azenhas. Colocamos nossos pensamentos nos moldes dos símbolos ou dos mitos. Perdão, não nos enganemos. Ao identificar os pensamentos já colocamos rédeas neles. Subjetividade é aquilo que nem sequer pensamos.
Êta!! farra dos fatos sociais com o inconsciente coletivo. Maiakovsky quis sair dela pela única fresta conhecida... “quando vejo uma criança morrer, me dá vontade de devolver o bilhete de entrada para o universo” (até isso virou lugar comum). Meus amigos... prefiro fazer pão.
beijos do Eladio e Cinthia.
Conferir: Qualquer livro de introdução à filosofia e qualquer livro de psicologia culturalista.
PS: Queiro denunciar publicamente a presença neste blog do Leoh "o bucaneiro", que, assim como a morte, faz muitos dias cheira meus calcanhâs ... últimamente só escrevo para livrar-me dele, é um inferno. Confiram seus comentários, tirem as suas conclusões. Eladio
3 Comments:
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
certa vez, em uma taberna que não me lembro, entre uma caneca e outra... acho que tive um desejo íntimo. o único que já tive: autocanibalismo! pensei: autoconsumir só pelo prazer de autoconsummir. minha estratégia era começar do dedinho do pé esquerdo e terminar por comer meus miolos. queria saber se minha subjetividade aguentaria se retroalimentar. virei uma dose de run e comecei. nhac nhac nhac nhac logo comecei a ter uma conjestão. não tinham azeitonas para levarem a culpa. o que seria então? maldita internalidade! es tu! nunca pude ter uma subjetividade. nasci sem alma. tentei preencher com uma mente. mas só consegui artifícios de tudo o que é vivo e habita meu corpo. cada célula, um nano sujeito. todos envolvidos em suas guerrinhas particulares. e eu! como entro nesta história!? tanto os genes quanto as informações fazem o que querem de mim! droga! se ao menos eu fosse um sujeito... talvez eu teria objetos... para crer e para desejar...
ps: da denúncia! sim! minha escrita é um roubo! se há a minha assinatura nelas, é por que me transformei em símbolo de sombra! da sombra de minha própria duplicidade. não serei eu uma personalidade adquirida das "outras infâmias"?
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