Sobre pesquisa e outras infâmias

Diário de campo de dois espectadores e um pródigo bucaneiro.

quinta-feira, julho 09, 2009

Paisagens

Dias atrás, estando no templo em que se encontra tudo aquilo que perpetua a existência humana, enquanto caminhava sobre restos marrons de folhas mortas. Fui surpreendido pela “ebrietas” da beleza poética. A fábula das cores e formas delirantes. Amarelos/dourados furiosos. Eróticos castanhos/amêndoas.

Tudo o que governa sem reinar, o não domesticável. Aquilo que está “fora” e toma posse do que levamos “dentro”.

A celebração secreta de um mistério. A loucura ritual que traz o castigo a quem violou um segredo, a pena de morte, o desígnio de coisa alada.

A divindade dentro de si. Aquilo que nos ejeta da vida profana, em resumo, o entusiasmo.

A insensatez de quem perde a fé. Admitir a existência da noite aveludada. O “pragma” e a contemplação de mãos dadas, o supremo amor. A suspensão do juízo.

Algum Deus fez estas paisagens para mim... ”Eros d’estin eros peri to kalon”


Eladio Oduber


PS1: Ao "Perfume do Deserto" que ainda desfrutarei.

PS2: A Juliana e Andrea. Obrigado pela beleza.


Conferir: Ludovico Silva : Filosofia de la ociosidad. Biblioteca de la Academia Nacional de la História, Caracas, 1987.