A estátua da noite
Aquele que dorme aceitou seu destino, nada teme;
Aquele que simula o sono combate a brevidade da vida construindo uma moral que o perpetue;
O filho que dorme não pode voltar atrás;
Quem finge dormir perde a noite reconstruindo os gestos do dia anterior;
O do sono profundo não tem remorsos;
O filho acordado cultiva a má consciência;
Quem dorme é nada;
No coração de quem finge jorra a esperança;
Quem dorme abraça o dogma;
Quem finge dormir é metáfora viva;
Perfeição e imperfeição separam a morte da vida, nessa ordem.
Onde iremos parar, nós, vivos, com as nossas “crises de entusiasmo”?
Onde iremos parar, nós, mortos no ápice da nossa parcimônia?
Entre nós estão os vivos, e, entre nós, os mortos. Para distinguir um dos outros basta colocar a chama de uma vela na boca dos cadáveres ou, perto dos lábios de quem finge, uma boca em chamas.
Boa noite a todos. Eladio
Conferir: “Vida e morte” GARGANI, Giorgio A. In: As palavras no tempo. PEPE Dunia & De MAIS, Domenico. Rio de Janeiro: José Olympo, 2003.
Imagem: Mulher / Federico Percibal. Brasília, julho de 2001.
1 Comments:
puta Ela!!, tocaste hondo,ponés la boca en llamas tao pertinho, bellíssssimo........y que bueno el rescate de esas aguadas de vez en cuando. gracias gracias loco!!!!
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