Sobre pesquisa e outras infâmias

Diário de campo de dois espectadores e um pródigo bucaneiro.

quarta-feira, setembro 21, 2005

Método paranoico-crítico


Salvador Dali desenvolveu uma obsessão pela “mantis religiosa”, esse insetinho verde que conhecemos como “louva deus”. Ele fazia uma relação entre esse inseto e um famoso quadro de Millet: o Angelus.

Esta é a razão pela qual pintou cinco quadros baseados nessa obra ("Atavismo ao Crepúsculo", "Angelus arquitetônico de Millet", "Reminiscência Arqueológica do Angelus de Millet", "Gala e o Angelus de Millet antes da Chegada Iminente da Anamorfose Cónica" e "O Angelus de Gala")” .

Já na infância, Dali sentia um grande desconforto com a imagem destes dois camponeses que, sem razão aparente, meditavam na solidão de um campo. Foi somente em 1962 que conseguiu, depois de muita insistência no museu de Louvre, convencer o curador para radiografar o quadro descobrindo um objeto retangular parecido com um caixão no meio dos dois camponeses. Numa pesquisa posterior das cartas de Millet, Dali descobriu que quando Millet estava pintando o quadro, um amigo, critico de arte o desencorajou a trabalhar sobre este tema lúgubre e até fora de época. O quadro era originalmente o enterro do filho de dois camponeses cujo caixão está tampado por várias camadas de pintura. Foi este tipo de sensibilidade que Dali chamou “método paranoico-critico”

abraços do Eladio

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

ahá, a esse tal de Dalí, uma caneca de run envelhecido em tonéis fotónicos! insurgir-se contra a imagem visível! camadas e camadas de águas turvas, digo, tintas turvas, para assegurar ordem e sociedade... a muito a morte quer ser silenciada. mas ela é amante dos vivos. de paixão obsessiva. de pureza de gelo e de inferno. à ela não cabe a tristeza revelada, nem mesmo a tristreza maquiada. método-paranóico-crítico? que não seja a crença pela imagem invisível!

2:00 AM  

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